quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Fazendo tudo certo, as coisas ainda podem saírem erradas

[Do lat. ethica < gr. ethiké.]
S. f. Filos.
1. Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.

Eu prefiro uma definição mais simples, “A Ética é a estética da existência”, infelizmente esta frase não é minha, mas reflete tudo o que eu penso sobre Ética. Quem admira um bandido? Ninguém o admira porque a sua existência não é bela, ou seja, ele foi anti-ético em algum momento. Somente as pessoas virtuosas, são realmente belas.
Assim como a ética é a estética da existência, a ética profissional é a estética profissional. A carreira de um profissional vai ser tão bela quanto a mais ético for o seu comportamento como profissional, mesmo não enriquecendo, todos o admirarão.
O cidadão ético não necessariamente será um profissional ético, mas um cidadão sem ética, será necessariamente um profissional sem ética também. A ética não estabelece somente os limites da ação, mas o modo como ela deve ser feita, por isto, os fins não justificam os meios.
Como código de conduta, a ética é maleável. Se um indivíduo comete uma atitude anti-ética e a sociedade aceita e adota aquela, como a novo modo de fazer, ela passa a ser o novo paradigma da ética. Por exemplo, a mulher fazer sexo antes do casamento, era errado há algum tempo, mas, algumas começaram a se comportar de maneira diferente da regra estabelecida pela sociedade e esta regra deixou de existir. A maleabilidade da ética é o que garante o desenvolvimento da sociedade, já que a conduta correta de hoje não necessariamente será daqui há algum tempo.
Os jornalismo talvez seja a profissão onde a ética seja mais necessária, já que trabalha diretamente com a opinião pública, interferindo nas decisões da sociedade, apontando os defeitos alheios e os expondo em público. Assim como o médico, o jornalista trabalha com a vida das pessoas, enquanto o médico cuida da saúde corporal, o jornalista cuida da saúde social dos indivíduos, podendo tornar a vida de um cidadão, muito pior do que a morte.

Você não pode comprar um bisturi e sair dizendo que é médico...

Nem comprar um capacete e sair dizendo que é astronauta, mas, se comprar uma máquina fotográfica, pode sair dizendo que é fotógrafo. Foi como começou o quadro do programa Fantástico do dia (05/10), estrelado por Luiz Fernando Guimarães, que interpreta Salgado Franco - “O Super Sincero”. Durante este episódio, o super sincero compra uma máquina fotográfica e coloca um anúncio no jornal, oferecendo seus serviços de fotógrafo.
Logo aparece um trabalho, fotografar um casamento, não é o que o personagem Salgado Franco queria, mas, como qualquer fotógrafo, não perde a oportunidade de faturar algum, mesmo não sendo um ensaio nu feminino, que era o seu sonho. Durante a festa, ele comete todos os pecados que um profissional de imagens não pode cometer. No final, Salgado Franco aparece com uma gatinha em seu apartamento, realizando o sonho de 9 entre 10 aspirantes a fotógrafos do sexo masculino, bancar o J.R. Duran por alguns minutos.
Embora trágico, o episódio foi muito engraçado. A tragédia está no fato de que a encenação, que era para ser uma caricatura, é o verdadeiro retrato da realidade. Qualquer pessoa pode comprar uma máquina fotográfica digital, usar regulagem automática e pronto, temos um fotógrafo. Também é trágico saber que uma profissão tão importante não é regulamentada. Só existe regulamentação para a profissão de repórter-fotográfico, ainda assim, quase todos os fotojornalistas de Teresina são leigos.
A lei é totalmente desrespeitada na capital piauiense e não existe nenhum tipo de fiscalização por parte do Sindicato dos Jornalistas, órgão responsável pela autorização a delegacia do trabalho conceder registro profissional (RP) aos profissionais da comunicação. Os empresários usam a mão-de-obra mais barata, como forma de otimizar seus lucros e nem sempre está empregado quem tem a melhor qualificação e talento.
Como os fotógrafos não se incomodam com a situação, tudo continua na mesma. A profissão de fotógrafo existe de fato, mas, não existe no direito, pois não temos lei que regulamente o ofício. Desta maneira, qualquer um pode adquirir um equipamento e oferecer o serviço, sem ter o mínimo conhecimento para desempenhar a função.
Para completar a desgraça, as academias de comunicação não preparam adequadamente seus estudantes de jornalismo para desempenhar a função de repórter-fotográfico. Há pelo menos 5 anos, nenhuma empresa de comunicação usa equipamento analógico, entretanto, as instituições de ensino continuam ensinando como revelar filme preto-branco aos alunos, coisa que o acadêmico jamais fará num jornal, revista ou qualquer outro meio de comunicação.

Confira o vídeo episódio de O Super Sincero (05/10/08)
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM892664-7823-SUPER+SINCERO+SALGADO+FRANCO+SE+TORNA+FOTOGRAFO,00.html

domingo, 2 de novembro de 2008

Fotografia de imprensa, notícia para gente ver

Se a invenção da imprensa revolucionou a sociedade européia, disseminando conhecimento que possibilitou a Revolução Industrial e o desenvolvimento do capitalismo. A fotografia mudou a forma como a notícia passou a ser transmitida pela redação e como passou a ser recebida pelo público, já que fotografia de imprensa procura transmitir a própria cena, o real literal, com a finalidade de convencer o leitorado da veracidade da sua informação.

Antes da fotografia, a imprensa era apenas a versão escrita que o jornalista tinha da realidade. Não existiam provas da existência daqueles fatos narrados. A partir do momento em que os jornais passaram a veicular fotografias, além do relato do jornalista, as notícias ganharam mais credibilidade, devido ao fato de que o público passou a ver o análogo de uma realidade, ou seja, da “verdade” que era conveniente ao jornal divulgar.

Apesar do processo fotográfico ter sido inventado no século XIX, a fotografia só iria aparecer nos jornais, reproduzida por meios totalmente mecânicos, em 1880. Até então, eram raros os momentos em que a fotografia era utilizada pela imprensa, devido a seu caráter inteiramente artesanal, ou seja, por meio da transcrição xilográfica.

Foi necessário o desenvolvimento de um novo recurso técnico denominado "halftone" para que a primeira foto fosse publicada em jornal. Segundo Freund no seu livro “ A fotografia como documento social”, diz qua a primeira fotografia só foi publicada em 4 de março de 1880, no Daily Herald, de Nova York, com o título Shantytown. Ainda assim, o seu processo de incorporação à imprensa foi lento. Foi preciso esperar até 1904 para que o Daily Mirror, jornal inglês, ilustrasse as suas páginas inteiramente de fotografias, e até 1919 para que o Daily News, de Nova York, seguisse seu exemplo.

Depois de revolucionar a imprensa, a fotografia continuou rompendo limites e estabelecendo novas fronteiras na Comunicação. O primeiro passo foi deixar de ser uma imagem estática e tornar-se imagens dinâmicas, em movimento. A fotografia foi a matéria-prima de outras mídias, como o cinema e finalmente a televisão, que levava o cinema até a casa das pessoas.

No começo, o sinal de TV não tinha um grande alcance, mas a partir da década de 70 do século passado, com o desenvolvimento da tecnologia de transmissão via satélite, o planeta tornou-se uma “aldeia global” como profetizou McLuhan, ainda na década de 50. Concluímos que o desenvolvimento da Comunicação foi a evolução da invenção de Niépce.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Negociação de seqüestro, um exercício de paciência

Em todos os casos de seqüestro que a polícia consegue localizar o cativeiro, segue-se um longo processo de negociação que objetiva cansar o seqüestrador e libertar a vítima. O sucesso da polícia só ocorre quando ela tem muito mais paciência e astucia que o seqüestrador, mas não foi o que aconteceu no caso Eloá Pimentel.
Depois de mais de 100 horas de cerco policial e negociações, o GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) da polícia de São Paulo, perdeu a paciência e invadiu o cativeiro, o que resultou na morte de uma das seqüestradas.
Sem ter informações detalhadas sobre o que ocorria no interior do apartamento, o grupo de elite tentou resgatar Eloá explodindo a fechadura, mas Lindemberg tinha obstruído a passagem com uma mesa e uma estante. A ação da polícia durou 15 segundos, tempo suficiente para o seqüestrador atirar nas duas vitimas.
Durante os dias que Lindemberg manteve Eloá e Nayara em cativeiro, o GATE teve inúmeras oportunidades de matar o seqüestrador, mas com medo da repercussão negativa, resolveram o problema da pior maneira possível, ou seja com a morte de Eloá.
Agora Lindemberg está vivo e preso, provavelmente será condenado e passará alguns anos se aperfeiçoando no mundo do crime, e quando finalmente terminar sua pena, ele estará pronto para aterrorizar toda a sociedade brasileira.

Era Isabela, agora Eloá

O ano começou com a imprensa espremendo até a última gota da tragédia que vitimou Isabella Nardoni e está terminado do mesmo jeito, só que agora é a vez de Eloá Pimentel.
O caso Isabella envolvia um mistério, a criança caiu do 6º andar do prédio onde residia o pai. No caso Eloá, não, a adolescente foi alvejada pelo seu ex-namorado com um tiro de revolver na cabeça depois de uma tentativa de resgate da meninas pela polícia.
Os dois casos são muito diferentes no modo como aconteceram. Isabella foi morta misteriosamente o que podia explicar o comportamento da imprensa, mas no caso Eloá não houve mistério, mas a histeria da imprensa foi a mesma.
A mídia brasileira não perde a oportunidade de transformar bandidos em celebridades instantâneas. No caso Isabella, o pai e a esposa ficaram na pauta de toda imprensa durante semanas, agora acontece o mesmo com o assassino de Eloá.
Lindemberg Alves ainda não deu entrevistas como aconteceu com o casal Nardoni que ocupou o horário nobre da TV para declarar todo o seu amor por Isabela. Lindemberg só foi filmado quando estava sendo preso, no dia que atirou nas duas adolescentes e recusa-se a falar sobre o caso, quer com a policia, quer com a imprensa, mas assim como o casal Nardoni, o assassino de Eloá já é uma celebridade e tomara que não apareça ninguém querendo copiar o comportamento do ex-namorado passional.