quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Você não pode comprar um bisturi e sair dizendo que é médico...

Nem comprar um capacete e sair dizendo que é astronauta, mas, se comprar uma máquina fotográfica, pode sair dizendo que é fotógrafo. Foi como começou o quadro do programa Fantástico do dia (05/10), estrelado por Luiz Fernando Guimarães, que interpreta Salgado Franco - “O Super Sincero”. Durante este episódio, o super sincero compra uma máquina fotográfica e coloca um anúncio no jornal, oferecendo seus serviços de fotógrafo.
Logo aparece um trabalho, fotografar um casamento, não é o que o personagem Salgado Franco queria, mas, como qualquer fotógrafo, não perde a oportunidade de faturar algum, mesmo não sendo um ensaio nu feminino, que era o seu sonho. Durante a festa, ele comete todos os pecados que um profissional de imagens não pode cometer. No final, Salgado Franco aparece com uma gatinha em seu apartamento, realizando o sonho de 9 entre 10 aspirantes a fotógrafos do sexo masculino, bancar o J.R. Duran por alguns minutos.
Embora trágico, o episódio foi muito engraçado. A tragédia está no fato de que a encenação, que era para ser uma caricatura, é o verdadeiro retrato da realidade. Qualquer pessoa pode comprar uma máquina fotográfica digital, usar regulagem automática e pronto, temos um fotógrafo. Também é trágico saber que uma profissão tão importante não é regulamentada. Só existe regulamentação para a profissão de repórter-fotográfico, ainda assim, quase todos os fotojornalistas de Teresina são leigos.
A lei é totalmente desrespeitada na capital piauiense e não existe nenhum tipo de fiscalização por parte do Sindicato dos Jornalistas, órgão responsável pela autorização a delegacia do trabalho conceder registro profissional (RP) aos profissionais da comunicação. Os empresários usam a mão-de-obra mais barata, como forma de otimizar seus lucros e nem sempre está empregado quem tem a melhor qualificação e talento.
Como os fotógrafos não se incomodam com a situação, tudo continua na mesma. A profissão de fotógrafo existe de fato, mas, não existe no direito, pois não temos lei que regulamente o ofício. Desta maneira, qualquer um pode adquirir um equipamento e oferecer o serviço, sem ter o mínimo conhecimento para desempenhar a função.
Para completar a desgraça, as academias de comunicação não preparam adequadamente seus estudantes de jornalismo para desempenhar a função de repórter-fotográfico. Há pelo menos 5 anos, nenhuma empresa de comunicação usa equipamento analógico, entretanto, as instituições de ensino continuam ensinando como revelar filme preto-branco aos alunos, coisa que o acadêmico jamais fará num jornal, revista ou qualquer outro meio de comunicação.

Confira o vídeo episódio de O Super Sincero (05/10/08)
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM892664-7823-SUPER+SINCERO+SALGADO+FRANCO+SE+TORNA+FOTOGRAFO,00.html

1 comentário:

Guerreiro Antonio disse...

Novamente: cuidado com a correção ortográfica e gramatical!
Nota: 1,0
Clarissa